Segundo dia, mais artistas, mais palcos secundários. Chegámos cedo para ouvir 20 minutos de um bom espectáculo, 20 minutos de Da Chick. Já estávamos à espera que fosse bom, mas nesta coisas de estreias nunca se sabe. Afinal, o Palco Clubbing ainda é um palco grandinho, com colunas de gente grande e aquela hora é das mais chatinhas. Mas a Da Chick não perdoa. Rebenta sempre com o público, acompanhada de um energético e incansável Blare. Desta vez com direito a bateria, deram um espectáculo que arruma a um canto muita das bandas que já passaram por ali. É uma questão de atitude e se há coisa que Da Chick é, é atitude.
Da pequenina com cabelos encaracolados, passámos para Diamond Bass e Spoek Matambo, que surpreendentemente tiveram menos gente. As expectativas eram altas com Spoek, principalmente depois do concerto no Lux, mas a verdade é que saímos de lá apenas satisfeitos e mais com vontade de ver Bombay Bycicle Club do que outra coisa qualquer, que acabaram, também eles, por não surpreender.
Hora de jantar, hora de fazer tempo até Primal Scream, que chegaram com em formato Screamadelica Live, com as canções que estrearam em 1991 e que ainda hoje põem toda a gente aos saltinhos. Dos Primal Scream para os Golpes, comandados por Manuel Fúria. E que concerto, que concerto! A música portuguesa, em português, assim vale a pena. Vale a pena porque é indie rock cantado na língua de Camões, acompanhado de uma banda com uma energia invejável. Destaque para a entrada em palco de Rui Pregal da Cunha (Heróis do Mar, LX90), para cantar “Va lá Senhora” e, claro, “Paixão”. Dali para Kele, que disse ali um até já aos Bloc Party e anda pelo mundo a fazer render a sua “money maker”, aquela voz. E ouvimos originais de Kele, hits de Bloc e foi bom, foi um concerto sincero e que, embora mais vazio, valeu a pena.
Chegou então a hora que ia marcar o segundo dia do festival: a hora de Buraka Som Sistema, entertainers puros, com raça, com pica, com a capacidade de cansarem milhares de pessoas de tanto gritar e saltar. Entraram em palco com câmaras na cabeça, provavelmente para gravar o próximo videoclip, e passaram hit atrás de hit, da “Wegue, Wegue”, até “Aqui para Vocês”…. Até que se ouviu “Isto é Buraka, Isto é Lisboa”. Mas faltava mais electrónica, mais um live act: Bloody Beetroots. E ali continuou a revolução, os saltos, a moche versão música electrónica, os risos, a “Warp” de Aoki, aquelas música que já lá vão, mas que quando começam a tocar é impossível ficar parado.
Miguel Leite
