Batiam as 23h quando lá chegámos. Ao virarmos a esquina para o Lounge, vinham em direcção contrária a Tiffany e o Dany, o casal que constitui os Rainbow Arabia. Aparentemente não estávamos tão em cima da hora. À porta, já se fazia fila e o segurança lá ia deixando entrar dois a dois, sempre com o aviso “Isto está cheio, têm de encontrar espaço lá ao fundo!”. Logo a seguir, volta o casal e muito tranquilamente, Dany pergunta-me as horas – “Ten past eleven” – respondo, ao que ele riposta “Oh shit!” e corre lá para dentro.

Ao entrarmos, deparamos-nos com o seguinte cenário: muita gente, toda ela a sentir-se como uma sardinha enlatada, tão perto dos micros e instrumentos como os próprios artistas e uma onda muito, muito cozy. As músicas foram vindo, sempre com uma dose gigante de boa disposição e muita sensualidade por parte da Tiffany, que ia usando a sua voz propositadamente esganiçada para dar ênfase ao aspecto wild que transmite. A música, essa é indie, mas com percussões tribais e melodias diferentes, daquelas estranhas mas que entranham. Enquanto ia bebericando a Super Bock que lhe dava forças entre músicas, foi-se lembrando de novas formas de nos mostrar o seu sexy side, enrolando-se em fios com luzes vermelhas, despenteando o cabelo ou mesmo agarrando-se a um dos postes que segura o corredor do 2º andar, mostrando a versão da cantora que teve aulas de pole dancing. Chegou mesmo a um ponto em que disse “I wanna take my clothes off” – vontade à qual eu fiz questão de mostrar o meu apoio total.

Apesar de não haver muitos fãs incondicionais ali dentro, já havia um punhado de gente que os conhecia e bem. Foram eles que deram uns “uuuh” quando se ouviram os primeiros tambores dos singles, “Without You” e “Let Them Dance”, muito dançados pela pequena e resistente plateia.

Foi um pouco mais de uma hora de concerto, mas que deu para sorrir, dançar e ficar feliz à saída. Os Rainbow Arabia ainda são pequenos, mas o som deles é cativante, diferente e dançável. São simpáticos, transmitem uma onda e um feeling bom a quem os ouve e sei que ontem ninguém saiu do Lounge defraudado, quanto mais não seja porque era de graça.

João Pacheco

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