Tudo começou na 5ª feira. Filas gigantes, pó em muita quantidade, acampamento desordenado e gente. Muita, muita gente. Chegámos o mais rápido que conseguimos, o mais rápido que os kilómetros de trânsito nos permitiram e chegámos mesmo a tempo de ver os Tame Impala a hipotnizar muitos ouvintes, alguns claramente apanhados de surpresa. Enquanto eles tocavam, a noite ia caindo e os The Kooks iam animando as hostes no palco principal. Ouviu-se “See The World”, “Naive” e outros sucessos, misturados com músicas do segundo CD, as quais iam arrancando um coro bastante mais pequeno comparando às faixas do primeiro álbum. Beirut vinha a seguir, mas decidimos ainda ir espreitar um pouco de El Guincho, tivémos a sorte de apanhar “Bombay”, uma das mais conhecidas. Algum público, quase todo espanhol, mas a grande fatia já só tinha olhos para o palco principal. Beirut lá começou, som péssimo e baixo, demasiadas pesssoas, demasiado desinteresse do público e um concerto que fica muito aquém do que esperava. Saímos dali e fomos ouvir Nicolas Jaar, o novo puto sensação, que curiosamente deu o seu primeiro concerto no Lux, ainda este ano. Foi, mais uma vez, genial e mostrou-nos o quanto gosta de nos pôr a dançar. Ficamos até ao fim, agarramos mais uma cerveja e seguimos para Arctic Monkeys, que iam apresentar o último álbum, “Suck It And See”. Foi bom, eles cresceram, mas perderam algum vigor juvenil, coisa que transparece para o público. O som, mais uma vez, uma trampa. Fechamos a noite com James Murphy, que pôs todos os resistentes a dançar, mas sem grande espectacularidade.
Sexta feira era menos interessante, decidimos chegar mais tarde. Contam-nos que Noiserv foi muito interessante – “Ele é bom!” – comenta-se. Nós concordamos, mas àquela hora, o trânsito estava mesmo impossivel. A noite começa com Portishead, que dá um concerto muito, muito bom, relembrando várias músicas do primeiro álbum. Momento alto, obviamente, em Roads, tendo-se ouvido um coro grande vindo das filas de trás, quando se ouviram os primeiros acordes da música – “Ahhh, então são estes..!”. Logo a seguir, vinha o nome mais aguardado da noite e do festival, Arcade Fire. E aqui, tenho a certeza de que ninguém ficou desiludido. Os homens são geniais, simpáticos e elogiosos – “Alguém devia abrir uma empresa que ensine os outros países a comportarem-se como um público! Vocês são os maiores!”. Dizer isto antes de tocar a “Wake Up”, é meio passo para a massa presente no Meco ficar com um sorriso de orelha a orelha. Como disse alguém no facebook, os Arcade Fire ganharam. Caminhamos então para ver um outro concerto muito aguardado, Chromeo. Piano com pernas de menina, guitarra e óculos escuros. Está de noite, mas dá estilo e isso é coisa que eles têm e esbanjam. São bons músicos, são gajos com imensa pinta e deram um dos melhores concerto do SBSR, para alguns o melhor mesmo!
Chegamos então ao 3º dia, PAUS abrem as hostes no palco EDP, onde levantaram um pouco o véu sobre o álbum, a sair em Outubro. Logo a seguir Junip acalmou a velocidade e a ferocidade do concerto dos Portugueses, com José González a pôr mel nos ouvidos de quem lá estava, num concerto quente e aconchegador. Acabamos, vamos comer e dar umas voltas pelo recinto, porque já só The Vaccines é que nos dava pica para ouvir, pelo menos, até aos The Strokes. Os Britânicos são bons, é indie rock sem grandes invenções, com algum lo-fi. Faz-me lembrar We Are Scientists, até na maneira como apareceram no nosso radar. Estava tudo bem, mas o relógio começou a chegar muito perto da hora dos míticos, mágicos e muito aguardados The Strokes. Julian apresentou-se em melhor forma que no ano passado, falador e simpático. As músicas são quase todas hits, toda a gente as canta, até as do último álbum (que nós gostamos muito!) são heroinas, numa noite onde havia muito pouco que pudesse falhar. O som, não é novidade, estava mau, de novo. É então que, num final algo desengonçado, a banda sai de palco e o sistema de som do SBSR começa a bombar os spots normais dos intervalos. Foi bom sobretudo porque eles são muito bons, mas um encore teria vindo a calhar.
E foi isto. Um festival com uns acessos absurdos, com uma localização que não faz sentido, com falhas logísticas de vários niveis e tipos, desde o som até ao número de pessoas. Até a disposição das coisas foi idiota, não se “enfia” um palco principal num sitio pequeno. O que os salva é de facto as bandas serem mesmo muito boas.
João Pacheco
