Noite de baile de formatura. Classe de 1981. Foi este o sentimento old school na noite passada, no concerto de Twin Shadow no Clube Ferroviário. Só faltava a bola de espelhos a reflectir minúsculos pontos de luz nas paredes e a atmosfera teria sido perfeita para a performance da banda que já trata o público português por tu.

O quarteto electropop de Brooklyn liderado pelo dominicano George Lewis Jr. não é novo em terras lusas. Aliás, em apenas 6 meses da digressão de apresentação do magnífico álbum de estreia Forget, a banda já pisou os palcos portugueses 3 vezes: Lux, Vila do Conde e Paredes de Coura.

O concerto, que ficou marcado por uma acústica muito pobre mas um ambiente intimista de festa contida, esteve integrado no Pepe Jeans Singular Music Festival, que irá levar 4 bandas indie a 4 cidades europeias sempre em locais inusitados. O Festival já levou os Catalães Delorean a Londres, e agora trouxe Twin Shadow ao Clube Ferroviário em Lisboa, seguindo-se Berlim e Bilbao em Outubro e Novembro ainda sem cartaz definido.

A esperada actuação, que deveria ter acontecido no Terraço, desceu ao primeiro piso para dar início ao revivalismo da década de 80 na voz adocicada de Lewis. “Tyrant Destroyed” abriu as hostes perante um público limitado (tão limitado que acabou por não encher metade da sala), com convites só acessíveis através de promoções nas lojas e redes sociais da marca de roupa. Seguiu-se a nostalgia sofrida de baladas sabidas na ponta da língua como “When We’re Dancing”, “I Can’t Wait” ou “Shooting Holes”, em galopes de guitarra estridente, baixo musculado, percussão suada e batidas electrónicas vintage saídas dos teclados femininos.

Debaixo de uma temperatura ridiculamente alta, a banda ainda brincou com o palco da antiga sala de danças de salão, que se assemelhava a um Concurso de Talentos. “Hope we win this Talent Show”, lançou a dado momento. E a verdade é que ganharam. Apesar de seguir a velocidade de cruzeiro, malhas new-wave tingidas de pop e elegância como “At My Heels”, “Castles in the Snow” ou “Slow” vingaram na garganta dos presentes e nas pernas que se agitavam na frente de palco daquele que já foi alcunhado de Morrissey negro.

Mergulhado em elementos distintivos de electrónica dos anos 80, mas também do pós-​​punk dos Smiths, do rock de Roy Orbison ou mesmo da R&B actual, as sonoridades de Forget não são mais que uma fusão intrincada de géneros mutáveis, genialmente polidos pela produção de Chris Taylor (Grizzly Bear), que ganham vida e espontaneidade ao vivo.

Para o final, em jeitos de presente ao mais caloroso público da digressão, uma canção nova incluída no próximo álbum prometido para breve cantada pela primeira vez, e o fervoroso “Tether Beat”, terminado numa cadência febril de ritmos em cascata, ferventes de emoção e garra.

 

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Texto e Fotos (iphone): Pedro Lima

 

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