Crónica Get Set Festival
Uma semana na noite da Invicta vista por alfacinhas
Chegámos ao Porto para o Get Set, festival de vídeo, arquitectura, design, música e outras artes. Queríamos sentir o coração renovado do Porto, ver o que se está a fazer na arte e na música, qual o sentimento de “uns quantos”.
Aterrámos no segundo dia de festival, atrasados por compromissos em Lisboa. Entusiasmados, expectantes, lá chegámos às nove e tal ao OPO Lab, na Rua do Bolhão. Ao princípio estranhámos a entrada coberta de fumo, o sentimento meio negro e escondido do espaço. Demos os primeiros passos por aquele nevoeiro artificial e lá fomos descobrindo, a pouco e pouco, o que era afinal o Get Set.
Paredes “pintadas” por vídeo mapping, instalações multimédia, exposições e conferências. Duas boas centenas de pessoas que passavam por ali, diariamente, durante uma semana, para falar de arte, para ouvir profissionais, para ouvir empresas e conferencistas portugueses de destaque nas mais diversas áreas e, claro, convidados internacionais.
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A música dos Megabass
A curadoria das festas oficiais do festival ficou entregue à promotora Megabass. Os senhores do bass no Porto, de nome Sérgio Gomes (Breaks Lda.) e Nuno e Pedro Pinto (os irmãos Twin Turbo).
Juntos promovem noites na invicta que podem ir do hip-hop ao fidget house, dos breaks ao dubstep. Seguem uma linha orientada para a qualidade e que foi seguida no programa do festival. O Get Set teve assim três festa, no Plano B, Armazém do Chá e Pitch.
Com atenção, dedicação, lá fomos fotografando o Get Set. Mas o que queríamos mesmo, era saber, ver, o que estava reservado para a noite. Galerias a respirar energia e um plano B à nossa espera, com uma exposição de design e ilustração à entrada e vários artistas num line-up sem grandes aventuras, mas de qualidade..
A primeira noite
Chegámos ao Plano B já meio às voltas com tanta cerveja, mas a tempo de ver o live act de Bflecha. Foi descer aquelas escadas de madeira – não há nenhuma discoteca como o Plano B em Portugal – e começar a ouvir uma das meninas do bass de espanha. Já passou pelo Sonar e já tocou com artistas como Rustie ou Sinden. Ao Plano B trouxe um set mais experimental, mas foi enchendo a sala e viram-se até umas boas dezenas de pessoas que estavam ali propositadamente para a ouvir e conheciam o trabalho.
Era terça-feira, mas véspera de feriado e a noite foi-se enchendo a pouco e pouco. Horinha para ouvir os Twin Turbo os discos atirados pelos irmãos gémeos Pinto, que tocam desde 2006 e que literalmente por todos os grandes clubes no Porto e já fizeram visitas ao Lux, Mini-Mercado e Incógnito aqui em Lisboa.
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Armazém do Chá ou Pitch?
A semana do Get Set continuou com conferências de qualidade e nós continuamos à procura que nos dessem música. Pelo caminho entrevistamos o Ivvvo e dissemos que sim a todos os convites que nos fizeram.
Quinta-feira, dia para conhecer o Armazém do Chá e ouvir o concerto dos Parkinsons, que já andam nisto a mais de dez anos, que são energéticos, com um vocalista imparável e sala de cima do Armazém à pinha. Nas outras salas, destaque para os beats de Stray e claro, dj set de Nuno Lopes.
Sexta-feira, último dia de festas Megabass e outra oportunidade para conhecer mais um espaço do Porto, o Pitch. Que nos lembra um Lux dividido por salas mais pequenas e enfiado num prédio e que esteve completamente cheio na despedida musical do Get Set. Principais actores desta noite: os Evols. Com guitarras que nos fizeram viajar, com uma abordagem musical diferente, perfeita para o ambiente que se viveu no festival.
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As conversas do Piolho
Fomos ao Porto fazer o que se faz no Porto. E nosso primeiro dia de festival acabado, altura para ir para o Piolho. Aproveitámos para virar uns finos e conversar um bocadinho sobre o que está a acontecer.
Em 2001 o Porto foi a Capital Europeia da Cultura e desde 2001 o Porto nunca mais foi igual. A cidade sofreu alterações atrás de alterações, a moldura urbana mudou e nos últimos cinco anos a baixa foi completamente renovada. Pessoas que estiveram fora um ou dois anos, voltam agora e vêem um enorme eclodir de novos bares, espaços, pequenas lojas, pequenos espaços de cultura.
A baixa que há uns anos tinha noites às moscas, está agora a abarrotar. E na nossa primeira noite pela cidade, vimos logo o que está a acontecer. Véspera de feriado, rua cheias do Piolho ao Praça.
E vimos que este movimento, esta vontade, esta participação não vai morrer. E vamos ouvir cada vez mais falar do Porto. De festivais como o D’bandada até ao Primavera Sound na música, do Get Set a outras exposições na cultura. E a Punch vai lá estar.
Miguel Leite
