Finalmente 6ª feira, o primeiro dia de festival. Milhares de pessoas marcaram presença na Avenida da Liberdade, para assistir à 1ª edição (esperamos nós) do primeiro festival de Inverno, o Vodafone Mexefest. Os nomes eram muitos, mas os mais desejados desta primeira noite eram sem dúvida Bebe, Fanfarlo e Junior Boys. Mas houve mais. A oferta era tanta (e tão boa), que as grandes decisões da noite eram que concertos perder.

A noite para nós começou cedo e em Português. Esta informação não ajuda muito a descortinar quem fomos ver, porque das 20h às 21h eram só Portugueses – Luísa Sobral, Capitães da Areia, Filho da Mãe, Julie & The Carjackers e Asterisco Cardinal Bomba Caveira. Decidimos-nos pelos últimos, até porque ainda não tínhamos tido oportunidade de os ver ao vivo e estávamos imensamente curiosos. Chegámos a horas de ver a banda demonstrar os seus hits “Alguém Faz o Obséquio” e “Salão Paroquial”. A casa estava a meio gás, diria mesmo a um quarto de gás, mas quem estava sabia para o que ia e fez a festa. Notámos na dificuldade de se gritar pela banda (alguém vociferou “Asterisco…!”) e pensámos nas iniciais “ACBC” – “Á Cê Bê Cê !” – até já conseguimos imaginar isto a pegar moda! Seguimos para cima, para a Sala I, que já começava a encher para acolher a espanhola Bebe, um dos nomes mais aguardados da noite. Entra sob um aplauso massivo, vestida de forma atrevida e com um contagiante entusiasmo. A sala estava cada vez mais à pinha e mesmo aqueles que não conheciam as músicas foram vistos a bailar, era impossível ficar indiferente à entrega de nuestra hermana. Era ver as meninas hipnotizadas pela sexualidade das canções e ver os rapazes boquiabertos com a sexualidade de Bebe. O concerto estava bom, mas the show must go on, e dividimos-nos por Capitão Fausto e You Can’t Win Charlie Brown. Os Capitão Fausto conseguiram juntar uma belíssima plateia nos Restauradores, para nos presentear com um indie rock viril e dançável. Apesar da música fazer grande parte do trabalho, os gigantescos PA’s que circundavam o palco ajudaram, e muito, à festa. Entoou-se “Teresa”, fez-se um elogio ao José Cid e cantou-se em Português a plenos pulmões.

Dirigimos-nos agora para Fanfarlo, sem antes passarmos pelo Cabaret Maxime, onde os Macacos do Chinês se preparavam para incendiar a plateia com as corrosivas rimas do seu mais recente álbum “Vida Louca”. Deram-nos a mão e entrámos pela “Selva” adentro, com um Maxime algo vazio (cheio de fotógrafos, ainda assim), mas com os ferverosos seguidores na fila da frente, a ajudar nos refrões, como que a “Dar Forças”. Infelizmente, não podemos demorar, saímos com alguma pressa para Fanfarlo (vemos ainda Sam The Kid na plateia) que ia começar em alguns minutos na Sala I do São Jorge. A fila já se começava a formar quando lá chegámos, o que revelava o quão empacotada ia estar a sala, nada que não estivéssemos todos à espera! Apesar da grande recepção, o conjunto entregou-se de forma morna à plateia, apesar de todo o entusiasmo (através de palmas, gritos e pedidos de casamento). Na verdade, este tipo de música merece concerto em nome próprio, um que dê espaço a toda a panóplia de dinâmicas que uma banda desta complexidade consegue criar. Os menos conhecedores bem esperaram pelo momento para saltar, mas como demorou, vimos muita gente a desertar para o outro lado da Avenida, para ver Junior Boys no magnânimo Tivoli.

Esta história é contada a 3, para um Tivoli também ele cheio (de salientar o facilitismo que sentimos na mobilidade entre concertos, com muito pouco tempo de espera). Apesar de haver inúmeras cadeiras, não estava ninguém sentado, a vontade de dançar era demasiada. Sacanas dos Canadianos, que conseguem mesmo agradar novos e graúdos. Ficámos, abanámos as já doridas nádegas e saímos um pouco antes do final, para podermos agarrar numas castanhas antes de entrarmos no autocarro dos Salto. E que autocarro. Não há palavras para a genica destes nortenhos, que tiveram problemas logo ao abrir da noite, com o autocarro a ficar sem energia ao primeiro acorde. Era demasiada a vontade de rebentar com os inúmeros fãs que acorreram aos poucos lugares que este “palco” acolhia.

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A noite não iria acabar aqui, mas sim nos Restauradores, onde os PAUS enchiam as medidas a uma estação de metro a abarrotar. E apesar de ninguém ver a banda a partir da 2ª fila, não houve alma que arredasse pé, sedenta que estava de ouvir a banda fenómeno Portuguesa dos últimos tempos a apresentar o álbum de estreia, homónimo. Viu-se crowdsurfing, baterias no ar e muita, muita adrenalina a ser usada. Era a despedida perfeita – “a barriga da cidade”, como o Hélio chamou ao local, ficou cheia, o metro veio abaixo e a noite ficou para sempre. Agora era esperar pelo dia seguinte.

Vejam as fotos aqui e aqui !

 

Texto: João Pacheco


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