Chegar ao Lux à 1h30 e não haver fila à porta é logo um sinal de pouca afluência. Este sinal viria a confirmar-se quando, já dentro do clubbing, encontramos uma plateia parca (ainda que sedenta) à espera da estreia do novo conceito por trás de DJ Ride. Ainda assim, DJ Nery mostrava o seu set “especial” (assim o apelidou o curador da noite), onde o hip hop dominava, sempre com alguns momentos de scratch.

Enquanto o piso de baixo ia enchendo, a ansiedade pelo grande momento ia crescendo e amontoando-se. Chegava então a hora. DJ Ride sobe ao palco, explica para o que vem e acaba mesmo por ir aos detalhes – “Isto são só alguns cue points, vou estar aqui a mexer no Serato (…)”. Percebia-se que havia entendidos na sala, até porque não houve muitas caras a ficar perplexas. Introduções feitas, promessas introduzidas, era hora de começar Pixel Trasher, o afamado espectáculo visual que o Ride andava a anunciar há uns tempos.

E se dúvidas havia, foram ontem esclarecidas. DJ Ride é, actualmente (e já há algum tempo) o melhor performer, entertainer e disc-jockey nacional. Faz com o vinil aquilo que ainda ninguém neste País ou no mundo (visto ele ser campeão do Mundo de scratch em categoria show) consegue executar. Agora, com Pixel Trasher, tem visuais que são directamente afectados pela forma como manipula, altera e modifica o som em directo. Foi ver guitarradas proporcionadas pelos seus dedos com uma imagem de Jimmi Hendrix a tocar guitarra atrás, com a mesma intensidade que o tema nos quereria demonstrar. Ouviu-se desde Hip Hop a Drum and Bass, desde anos 80 a Rock dos anos 90 – Uma mescla com conta, peso e medida de boa disposição, muito groove e umas mãos quase equiparáveis às de  um mágico.

Se o artista fosse estrangeiro, o mais provável era a casa estar cheia. Como é Português, as pessoas tendem a fazer vista grossa e assumir o produto nacional como pior ou ultrapassável. Não podiam estar mais errados – Neste  caso, o produto português é dos melhores, se não o melhor,  do mundo na espécie. Único, diferente e absolutamente viciante. Pixel Trasher é, sem dúvida nenhuma, um dos highlights deste ano.

João Pacheco

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