Quando comecei a pensar em escrever a reportagem, não conseguia lembrar-me de outras formas de o fazer sem mencionar o facto de estar esgotado. Por outro lado, é rara a reportagem sobre o Musicbox que comece de outra forma. Começo a achar que o grande “culpado” desta repetição é de facto a casa e as promotoras que lá têm organizado concertos (ontem foi a Match Attack). São tiros atrás de tiros, todos eles na mouche.
Na verdade, nós não esperávamos outra coisa. Bilhetes esgotados (no dia, claro está, ao bom estilo Português), muita vontade de ver o trio britânico (que em palco se junta a um quarto elemento na bateria) e um ambiente absolutamente fantástico. O set up em cima do palanque revelava-se complexo, com pouco espaço de manobra para os músicos, mas isso já faz parte da mística do clube.
As luzes vão abaixo, o público reage e entram os quatro em palco. Começam com uma do novo álbum Ternion, “Steel In The Groove” e percebem-se alguns problemas de som, sobretudo nas vozes. Nada que impeça a plateia toda de começar a dançar, razão que fez Darren sorrir por diversas vezes! Seguiram-se “Visionary”, “Love, What You Doing?” e “Divisive” – uma das mais cantadas da noite. A bateria marcava o passo de dança, enquanto os três músicos davam o mote para a interação com os sedentos fãs que não paravam de saltar. Por falar em músicos, é incrível o quanto os quatro se complementam – o baterista (cujo nome não consigo descobrir) é o alucinado, depois temos o divertido e afável Darren nos pads, a trágico-dramática Dede num sintetizador e o mais sério Thomas no baixo. Até nisto a banda encaixa, será que o nome veio desta conclusão – “formámos o puzzle, temos banda!” ?
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Sempre com uma vontade disparatada de nos divertir, juntando umas palavras agradáveis pelo meio, tocaram “After All”, “WHB”, “Rivers of Blood” e “Watertight”. Agradeceram a nossa presença, confessaram que como andam muito em Tour nunca sabem bem o que os espera, mas que aquela noite os estava a surpreender. Via-se que havia uma certa estratégia em guardar as mais conhecidas para o fim, véu que começou a ser levantado com “You Came Out” e “Honey Trap”, onde o coro foi notado por Darren, cuja reação foi um sorriso gigante. Antes de tocarem “What’s Mine, What’s Yours”, despedem-se – “Esta é a nossa última, obrigado!”. Ninguém acredita, claro, e toca a fazer barulho para voltarem.
Regressam para o encore e algumas caras mostravam-se preocupadas – “Não vão tocar a “Oh!” ??”. A resposta tardava em aparecer, já que quando voltaram do descanso, a música escolhida para a reabertura foi “Where Are Your People?”, um dos singles do novo álbum, também ele decorado pela grande fatia da plateia. “Esta vocês também podem cantar” denuncia Darren antes de começarem a tocar a mítica “Oh!”, para gáudio de todos. Um corropio de saltos e gritos, com uma vontade eufórica que ainda não tinha sido vista naquele concerto. Foi, sem dúvida, o momento alto da noite que depois acabou por ser propagado para a última música, “Time After Time”.
Os britânicos voltaram a surpreender o público português com mais um divertido, animado e contagioso espectáculo. É música para dançar até cair e foi exactamente isso que aconteceu. A sensação de sair de um concerto com um sorriso é impagável. Ontem os We Have Band puseram um na cara de todos os sortudos que lá estiveram, e nós estivémos.
João Pacheco
