Manel Cruz.
É esta a toada inicial de qualquer projecto onde o músico portuense esteja inserido. Um(a) Cruz difícil de carregar até para o próprio, porque gera toda uma expectativa por parte dos (sempre fiéis) fãs. Existe uma espécie de culto nostálgico e melómano em torno de tudo o que Manel Cruz faça.
Mas os cultos começam – regra geral – com base em algo mítico. E o cérebro deste senhor tem de o ser. Ao fim de tantos anos continua a dar-nos letras fantásticas, assentes numa compreensão metafísica do mundo. E depois, sabe sempre rodear-se de excelentes músicos. Foi assim com os Ornatos ), os Pluto e os Foge Foge Bandido . E é assim com os Supernada.
Nascida em 2002, precisamente na mesma semana dos Pluto, Supernada não é – definitivamente – só Manel Cruz. Como é tornado público aqui e aqui. A banda conta com Ruca Lacerda (de quem partiu a ideia) na guitarra, Eurico Amorim nos teclados e sintetizador, Miguel Ramos no baixo e Francisco Fonseca na bateria.
Andaram durante dez anos em constante experimentalismo e a gravar um sem fim de músicas. Ao fim de uma década, decidem-se finalmente a editar um álbum. Pelo caminho – rezam as crónicas – ficam muitas faixas gravadas mas não aprovadas.
Em Nada É Possível, título do tão famigerado álbum de estreia, continuam a querer experimentar e resolvem criar uma nova visão do single Arte Quis Ser Vida e do respectivo videoclip. Juntam-se em estúdio a gravar ao vivo e a filmar, no que resulta de forma bem diferente da que vem no disco. André Tentúgal (criador do projecto We Trust) foi o realizador. O resultado é este:
[youtube CP6B9FF0-vQ 610 350]
Diga-se que os Supernada são fiéis à imagem do seu protagonista. Como são todos os seus restantes projectos. Mas que isso é bom. Muito bom! Manel Cruz consegue dar-nos sempre aquilo que esperamos sem para isso ter de entrar numa repetição que podia ser cansativa.
No momento em que estas linhas estão a ser escritas, a banda está a dar o concerto de apresentação no Porto, no Hard Club (antes já estiveram no Lux, em Lisboa). No momento em que estas linhas estão a ser lidas, já devem existir vários reportes do concerto. Que – aqui entre nós – deve estar a ser incrível!
Eis o alinhamento do álbum Nada É Possível:
1. Sonhos de Pedra
2. Animais à Solta
3. Passar à Volta
4. Espuma
5. Anedota
6. O Meu Livro
7. Perigo de Explosão
8. Nada de Deus
9. A Estética da Ética
10. Arte Quis Ser Vida
11. Invisível Mundo
12. Letras Loucas
13. Ovo de Silêncio
14. Pai Natal
15. A Ver Vamos
16. Isto não é Nada
Ricardo Quintela
