Os Defrosted Pork Chops cruzaram-se pela primeira vez numa pequena escola de música, sediada na Escola Secundária José Falcão, em Coimbra. Em comum tinham o gosto pela música e por tocar, daí raiou o projeto. Deste conjunto constam elementos com uma história musical que antecede a formação do grupo (projetos como Zé Keating, Pinhata e Flying Cages). São cinco os moços que, no palco, se fazem homens: Diogo Jesus ao microfone; Pepas e Zé Keating na guitarra e baixo, respetivamente; Miguel Santos por trás das teclas e Rui Pedro Martins às baquetas.
Desta união nasceu “Greatest Hits” – EP de estreia do grupo – editado em cassete (com um cheiro de nostalgia) numa tiragem limitada a cinquenta cópias. Este debute compila quatro vigorosas faixas carregadas de riffs penetrantes e batidas bem passadas, culminando na sinergia que só ao vivo é possível apreciar no seu completo esplendor.
Fui ao encontro dos Defrosted nesta primeira edição de Brew! Coimbra – festival de cervejas artesanais – onde eles teriam pisado o palco a horas certas não fosse o céu cerrado ter decidido desabar em águas. Pouco depois da hora marcada entrei no backstage onde estavam os rapazes, relaxados, esperando a sua hora de tocar. Havia quem, entre os dedos, tivesse cigarros de enrolar; quem tivesse o copo à mão e quem se deixasse estar na sua calma. Passadas as apresentações e formalidades, procurei saber o sentimento que a banda nutria por Coimbra, cidade que os vira nascer.
Qual é para vocês o espaço essencial para um músico aqui (em Coimbra)?
Miguel: Agora vou puxar a brasa à minha sardinha: tens a RUC (Rádio Universidade Coimbra) que é um ponto essencial para a música que aqui se faz.
Sentem que a ascensão à mainstream é dificultada pela distância da centralidade lisboeta?
Pepas: Ah, sim, claro!
Zé: Mas eu, por acaso, gosto do desafio. Até gosto de passar pela dificuldade para eventualmente lá chegar.
Desde Tédio Boys a Belle Chase Hotel, a alternativa portuguesa do início dos anos 2000 foi notoriamente conimbricense. Sentem que a essência desse cenário se mantém?
Diogo: Não. Como é natural as coisas evoluem e mudam.
Zé: Eu sinto que Coimbra ficou demasiado marcada por essa época musical. Vinculou-se a cidade e o seu som a essas bandas, ‘tás a ver?
Rui: Sim, o panorama mudou, mas ainda se pensa muito nessas sonoridades quando se fala da cidade.
Lembram alguma banda local emergente que achem digna de menção?
Zé: Os Pinhata! Que é com ele também (apontando para Francisco Frutuoso, guitarrista dos Flying Cages)
“Greatest Hits” – porquê começar pelo final?
Diogo: Foi só pela piada.
Alexandre Santos