Lançar um novo álbum ou esperar por uma altura mais oportuna? Esta é a grande questão que muitas bandas enfrentam neste pandemia que vivemos. Os Galgo não tiveram medo e editaram o seu terceiro álbum, “Parte Chão”. Mais do que quererem lançar música nova, neste momento a banda lisboeta sente-se confiante e a sua música transparece isso. A música alternativa que têm vindo a produzir tem uma identidade muito própria, que tem sido explorada de diferentes formas nos três álbuns que lançaram. “Parte Chão” é mais uma faceta e mostra a versatilidade do conjunto.
Numa entrevista à Vodafone FM, Alexandre Moniz, um dos quatro membros da banda, falou de como este álbum é diferente dos outros. Referiu que sente que é mais simples, mas ao mesmo tempo um pouco mais complexo de reproduzir em palco. Com mais sintetizadores e mais loops, que criam outras texturas e dão mais camadas à sua música. Se anteriormente, por vezes a música da banda era caótica, no bom sentido, agora há um aprimorar de uma sonoridade que ainda é bastante identificável.
A música dos Galgo continua vive de batidas fortes, é agressiva e por vezes inquietante. Os concertos também servem como catarse e quem assiste a um concerto sente isso. Parte do seu conceito vive desses momentos, a sua música transmite vários sentimentos e isso preenche o público. Não é que seja um álbum que não possa ser ouvido em casa, mas é a força de um palco que eleva a sua música para outro nível. Esperamos que essa experiência possa voltar acontecer em breve, um pouco por todo o país.
Dançar, abanar e experienciar a música dos Galgo é muito bom. “Panca Espalha” e “Garras Dadas” são os dois temas que agarram e que nos fazem querer ir para a pista de dança. Há sempre muitas flutuações nos seus temas, mas essa cadência constrói uma dinâmica muita própria que nos deixa agarrado e que nos leva vários sítios. As outras canções vão tendo certas características interessantes, os murmúrios, o lado mais electrónico e outro tipo de explorações que trazem sempre algo de novo.
A evolução deste quarteto lisboeta tem sido muito positiva. Têm seguido um caminho muito próprio e souberam construir uma identidade. Ao olharmos para o conjuntos dos três álbuns há uma clara linha orientadora. Se os Galgo continuarem a querer evoluir e explorar a sua sonoridade, então vão sempre sair a ganhar. Esse espírito inovador faz parte da génese da banda e do que o seu público quer. Agora só falta um palco e começar a partir chão.